domingo, 5 de dezembro de 2010

Novo Endereço




Estou de saída!

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abraço,

Fernanda La Salye

sábado, 13 de novembro de 2010

Amnésia, Anestesia e Amor

"Deus não assiste, Ele sente."
Quando li isso, fui tão fortemente impactada que tomei a liberdade de publicar o texto aqui também. Eu sou uma comunicadora e defendo muito a ideia de que informação de qualidade precisa ser disseminada. Foi o que fiz. "Sinta" cada linha!

Fonte: www.vineyardcafe.com.br/blog



Essa é a história de alguém que venceu montanhas e ultrapassou os maiores obstáculos que a natureza poderia colocar na frente de seus passos. A história de alguém que lutou e não teve medo, não teve azar, não teve fracassos, não teve erros.

No topo de tudo ele viu que tinha subido o bastante pra se sentir contente. No cume do monte ele se sentiu seguro o bastante pra poder descansar, mas não sei, depois que se sentiu maior do que os quilômetros e altitudes, depois de provar-se bom e ainda sentindo os músculos de seu corpo pedindo por um conforto pós-guerra , ele olhou pálido e não conseguiu chorar. Suspirou cansado mas não conseguiu expirar uma satisfação maior do que os pulmões.

Essa é a história de alguém que lutou por não se sabe o que. Alguém que tinha um grito de guerra mas não tinha um motivo, alguém que esticou os músculos e soltou seus gritos sem antes ter um nó na garganta. Gritou por gritar, não para desatar os nós. Lutou por lutar e não por ver nisso a questão que poderia mudar a sua vida.

Essa é a sua história?
Chorar por uma coisa mas no fundo saber que ela não mata a sua sede?
Brigar por uma coisa mas no fundo saber que ela não te fortalece?
Desejar muito uma coisa mas no fundo saber que ela não é assim tão necessária?
Falar muito de uma coisa mas no fundo saber que ela não prestaria muita atenção na sua voz?

Isso às vezes acontece. Nós até lutamos, mas falta motivo real. Nós choramos mas falta desabar e desabafar de vez. Nós sonhamos mas falta acordar e dar o primeiro passo. Nós amamos mas falta se entregar. Nós não temos medo da guerra, nós até sofremos algumas feridas, mas mesmo assim, no final, falta sangue.

É uma situação bem aflitiva viver nesse planeta cheio de coisas lindas e horríveis e ainda assim ter a sensação de não estar sentindo tudo, né? Afinal, você nasceu com os 5 sentidos, você ouve coisas, vê, toca, come, cheira, canta coisas bonitas que podem até deixar você arrepiado, emocionado, motivado, mas mesmo assim falta voz. Por que será que nunca é o bastante? Por que será que ficamos tão anestesiados de uns tempos para cá?

O dinheiro responderia à essa questão dizendo que agora você tem modos. Os seus amigos diriam à você que você está apenas passando por uma fase difícil. Os filmes alimentariam a sua insatisfação, os livros pareceriam longos demais para tentar te explicar. A religião deixaria isso tudo ainda mais complicado. A segunda-feira diria para você desistir. O seu amor diria que você anda estranho, você poderia pensar que é um tipo de solidão, e ao contrário do que todos pensam, eu acho que Deus diria apenas uma frase: “falta sangue”.

Eu sei porque ele diria isso.

Ele diria porque ele é exatamente o oposto do cara do primeiro parágrafo. Ele jamais subiria uma montanha por subir, ele jamais viveria por viver, ele jamais falaria para quebrar o silêncio, ele jamais gritaria se não houvesse um nó em sua garganta, ele jamais morreria sem um motivo. Vê, Deus soube aproveitar a vida melhor do que qualquer pessoa na face da terra. Mais do que os heróis, mais do que o grande vencedor do primeiro parágrafo.

Deus não assiste, Ele sente.

E é por isso que eu digo, que ele diria “falta sangue”. Porque foi justamente por isso que ele subiu montanhas, fez seu corpo se cansar. Foi por isso que ele desatou os nós na garganta e gritou quando teve vontade. Foi até o sangue, porque ele saberia que cedo ou tarde alguém teria o desejo de sentir-se vivo e não encontraria essa essência nas próprias veias.

Deus deu o sangue porque dar explicações cansa. Deus deu o sangue porque dar apenas emoções, frustra. Deus deu o sangue porque é no sangue que mora além da sensação, o sentimento. Deus deu o sangue porque sem ele o coração que você tem bombaria apenas ar, e as suas veias ficariam entupidas de vazio. Então você respiraria incertezas, falaria coisas vagas e viver seria uma desconfiança diária do que é real ou não. Deus deu o sangue porque as pessoas precisam sentir o que ele sente: a vida apesar de tudo. A realidade apesar da dúvida. O sentimento apesar das sujeiras. A presença apesar dos corações de pedra.

Que hoje você possa subir montanhas, e que amanhã você ainda sinta que as suas veias merecem muito mais do que o êxito. Que você sinta Deus e não se sinta Deus. Que você sinta o topo, mas que ainda seja capaz de desabar na dependência de quem um dia desabou de amores por você.

"Back at your door"



Tem gente que tem cheiro
de passarinho quando canta,
de sol quando acorda,
de flor quando ri.

Ao lado delas,
a gente se sente no balanço de uma rede
que dança gostoso numa tarde grande,
sem relógio e sem agenda.

Ao lado delas,
a gente se sente comendo pipoca na praça,
lambuzando o queixo de sorvete,
melando os dedos com algodão doce
da cor mais doce que tem pra escolher.
O tempo é outro.
E a vida fica com a cara que ela tem de verdade,
mas que a gente desaprende de ver.

Tem gente que tem cheiro
de colo de Deus,
de banho de mar
quando a água é quente e o céu é azul.

Ao lado delas,
a gente sabe que os anjos existem e que alguns são invisíveis.

Ao lado delas,
a gente se sente chegando em casa e trocando o salto pelo chinelo,
sonhando a maior tolice do mundo
com o gozo de quem não liga pra isso.
Ao lado delas,
pode ser abril,
mas parece manhã de Natal,
do tempo em que a gente acordava
e encontrava o presente do Papai Noel.

Tem gente que tem cheiro
das estrelas que Deus acendeu no céu
e daquelas que conseguimos acender na Terra.

Ao lado delas,
a gente não acha que o amor é possível,
a gente tem certeza.

Ao lado delas,
a gente se sente visitando um lugar feito de alegria,
recebendo um buquê de carinhos,
abraçando um filhote de urso panda,
tocando com olhos da paz.

Ao lado delas,
saboreamos a delícia do toque suave
que sua presença sopra no nosso coração.

(Carlos Drummond de Andrade)

domingo, 7 de novembro de 2010

Pronto, Falei



Recomecei.

E tenho aprendido muito com isso.

Aprendi que há sempre um novo caminho esperando por alguém que precisa de uma nova história ou até da mesma, apenas contada ou vivida de outra maneira.

Não encaro os limites que colocaram para mim como reais ou como meus. A força que eu carrego e a minha vontade de viver são muito maiores que eles.

"Troquei" - e que isso fique muito entre aspas mesmo - os aplausos pelo anonimato, as amizades pelo desprezo, a presença pela ausência, as orações pela incompreensão.

Restou um grande amor por mim, um imenso respeito por quem me aceita, uma realização pessoal invejada ( e por muitos, acredite!), além de um sorriso e um relacionamento com Deus, que jamais tive.

Sou muito grata a quem já fez parte do meu caminho. Podem não conviver mais comigo, mas todos, eu disse TODOS MESMO, até quem você pensa que não, todos têm o seu cantinho no meu coração ou uma lembrança boa na minha memória. Foi só o que eu quis ou pude guardar.

Meu desabafo vem de uma lição maravilhosa aprendida hoje. Exatamente hoje. "Quem te humilhou, logo, logo vai te honrar".

Não escrevo isso em tom de vingança. Não mesmo! Mas a lição foi libertadora. Quando você, de uma hora para outra, passar do "tudo" para alguns e se tornar o "nada" de muitos, vai entender o que eu digo.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Constatação



Na flor que nasce e naquela que murcha.
Nos dias de sol e nas piores tempestades.
Nas expressões faciais e no jeito de falar.
Nas conversas frias e nas mais interessantes.
Nas risadas altas e nas gritarias de fúria.
Nas lágrimas de dor e de alegria.
Nos sonhos de ontem e nas conquistas de hoje.
Nas melhores coisas do passado e nas expectativas para o futuro.
Nas prioridades e nas coisas que podem esperar.
Nas fotos e nas músicas.
Nas viagens e nos planos.
Nas festas e nas lembranças.
Na saudade e no beijo.
No abraço e no toque.
No exclusivo e no comum.
No que é motivo de orgulho e também, de arrependimento.
No investimento e na perda de tempo.
Na carteira e nos cartões de crédito.
No que precisa ser esquecido e no que merece ser lembrado.
Na vida que seria ideal e naquela que você conseguiu ter.
"O que é importante se perpetua".